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    O desenvolvimento sociocultural e o papel dos museus

     

    Pensar em barreiras, demarcações, muros, limites e separações, tornou-se ultrapassado desde a queda do muro de Berlim. A cultura, quando pensada, estudada e vivida reflete nas diferentes maneiras de ser e estar no mundo. As comunidades passam por uma transformação desde o advento da internet, onde a globalização permite o “viver global”, o “estar em todos os lugares”, o “conhecer aquilo que antes era utópico”.

    O lugar onde nascemos e vivemos tem participação cada vez mais reduzida na construção do nosso ser, afinal, ora vivemos em comunidades locais, participando da preservação e dos rituais diários de concessões histórias criadas a partir da evolução das cidades, ora vivemos em comunidades virtuais que nos proporcionam um saber além do que se pode ver ou imaginar. A rede nos impede de ficarmos estáticos, alienados, estagnados em concepções retrógradas. Pelo menos é assim que deveria ser.

    Mas afinal, o que é cultura? O vocábulo cultura surgiu em 1871, derivado de kultur (cultivo, relacionado à terra, lugar, tradicional, essência espiritual de um povo) e civilization (civilização, modernidade, produção em massa e as cidades) (KUPER, 1999). Portanto, cultura é o que faz do ser humano um ser racional, comprometido e crítico.

    Ora, se a cultura transforma a racionalidade do ser, temos discernimento para avaliar os valores sociais e optar por quais nos identificamos, utilizando este argumento para expressar-se, conhecer-se e reconhecer-se como uma obra inacabada, passível de correções e questionamentos constantes, na busca pela construção incansável de um ser puramente humano e racionalizado. O processo de desconstrução do ser evidencia que a cultura, como conhecida, é instável. Ela muda, se adapta, se destrói e se reconstrói através de seus personagens. Ela pode ser entendida como uma colcha de retalhos, uma teia, uma rede de conexões, são dinâmicas e se reconfiguram.

    Se falarmos dos personagens que moldam a cultura, em contrapartida, a cultura também molda os seres que vivem em comunidades. Nas cidades – um lugar de encontro, de precipitação de culturas –  75% da população mundial vive políticas públicas estabelecidas por meio das necessidades urbanas. A maior parte desse percentual habita zonas periféricas, o que tem chamado a atenção de economistas que estimam, para os próximos 15 anos, uma superpopulação nas periferias (mais de 55% da população mundial). A cultura das cidades é pluricultural, ou seja, além de permitir o encontro entre as pessoas, permite a miscigenação da liberdade criativa.

    Neste mesmo pensamento de desenvolvimento social, surgem espaços na cidade que propiciem o desenvolvimento do capital cultural. São “escolas” que ensinam sobre a diversidade e não sobre as diferenças – comumente difundidas pela escola tradicional, como afirmam estudiosos – rotuladas pela qualidade e quantidade de conhecimento que trazem de suas casas, as heranças sociais. Estas diferenças são alimentadas, frequentemente, por preconceitos. O que devemos, impreterivelmente, eliminar de nosso pensamento tradicional, é a atitude etnocêntrica, que nada mais é do que a atitude de defender a sua própria cultura como única e exclusiva, sem entender a cultura do outro.

    Os locais de encontro para discussão social promovem o pensar além do que se sabe. É o caso dos museus que, segundo o Icom – International Council of Museums, define o espaço como uma entidade permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe, para fins de estudo, educação e lazer, evidências materiais de povos  e seu ambiente”. A concepção contemporânea idealiza o museu como um lugar de interação e de reação do público com o espaço. “São espaços de vivência”, como destaca Reis, 2007.

    Portanto, promover encontros com a comunidade pode trazer benefícios para a economia quando cursos, eventos, atividades, oficinas, espetáculos e outros fazeres artísticos são ofertados à comunidade muitas vezes sem custo econômico de apreciação. E é nesse sentido que o Memorial Attilio Fontana trabalha: com o desenvolvimento sociocultural das comunidades que, a partir da interação e apreciação, constituem o crescimento pessoal, a preservação histórica de uma região geográfica, a difusão da história de vida de um empreendedor e o fomento dos símbolos culturais produzidos pelos artistas que são, essencialmente, talentos desta terra. Não obstante, outras instituições e associações de igual importância trabalham com o mesmo viés para o desenvolvimento cultural de Concórdia e do estado de Santa Catarina.

    Hoje, com a inserção da instituição nas redes sociais e no ambiente virtual, possibilitamos o conhecimento além do que se conhece como presencial. Possibilitamos a vivência de um Memorial de forma globalizada e instantânea, de forma dinâmica e educativa, sem perder a essência e um dos ideais do Sr. Attilio Fontana: o desenvolvimento comunitário. O blog deste site estará aberto para que artistas, educadores, gestores e formadores de opinião discorram sobre assuntos que acharem pertinente compartilhar com a comunidade, provocando sempre, o pensamento de desenvolvimento do capital cultural.

      

    Artêmio Filho
    Gestor Cultural
    Memorial Attilio Fontana


     

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    Comentários:

    Ana

    Concórdia - Santa Catarina

    Parabéns!
    Ótimo texto, ótimo site!
    Recomendo sempre.
    Sucesso!!!